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Tambores que falam

Não estranhe se algum dia lhe perguntarem qual é a função de um tambor – sejam eles surdos, repiques, caixas, tamborins, cuícas ou atabaques. A resposta é simples: os tambores nos conectam com o nosso Eu. Há quem diga que, se vibrado no tom e na harmonia certa, são capazes de atingir as mais variadas esferas astrais. Isso se deve principalmente ao fato de o tambor ser considerado um instrumento sagrado, que permite a comunicação entre o homem e as divindades. Não é à toa que os “tambores” eram usados pelos escravos negros em festividades religiosas e, também, nas apresentações de capoeira. Afinal, ele (o tambor) é tido como o mais importante instrumento musical africano. No Brasil, é a alma das escolas de samba. Enquanto isso no Japão, o termo “Kyorakuza” – cuja tradução é exatamente essa: som alegre dos tambores – era a prática do instrumento percussivo “taikô”. O objetivo maior do grupo é transmitir os valores da cultura japonesa, entre eles o respeito às tradições. Verda
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Dança: o movimento que beneficia corpo e mente

A dança é um remédio natural contra a depressão, pois ajuda a combater sintomas de estresse e ansiedade. Assim como na meditação, dançar nos faz tomar consciência do próprio corpo. Os benefícios vão desde os sociais, terapêuticos e culturais, até os científicos. Isso é tão verdadeiro que o projeto “CorpoConsciente” (iniciativa do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e da Secretaria de Cultura do Distrito Federal), que une dança e psicologia, vai oferecer oficinas gratuitas de consciência corporal. O objetivo é melhorar a socialização e exercitar a mente dos participantes. Não importa a harmonia, o ritmo, a melodia ou o espaço que se dança, “remexer o esqueleto” nos torna seres mais sensíveis ao mundo, além de fazer bem ao corpo e à alma. Entre as vantagens também estão a queima de calorias, o aumento do condicionamento físico, o fortalecimento da musculatura corporal e dos ossos. Há quem diga que não nasceu para a dança, e nós discordamos. Não existe o “não saber dançar”, mas, s

A importância de se conhecer e preservar na memória as raízes culturais regionais

É sempre bom refletirmos sobre as nossas origens, afinal, somos uma mistura de etnias diferentes (europeus, asiáticos, indígenas, africanos), a que se dá o nome de  miscigenação . Falando de africanos, eles contribuíram, e muito, com a construção da identidade brasileira, daí a expressão "cultura afrobrasileira”. De modo geral, há influência dos negros na nossa cozinha (milho, feijão preto, amendoim, cuscuz salgado, angu, canjica, pamonha e tapioca), na música (samba, congada, maracatu, cavalhada e moçambique), na religião (candomblé, batuque, sincretismo, omoloko), nas artes marciais (capoeira), e também no vocabulário (bagunça, caçula, cafuné, canga, moleque e sunga).  Toda a cultura, o poder e a sofisticação desse povo, no entanto, podem ter se distanciado de nós por preconceito, estigma ou mera intolerância. Nem todo mundo endossa integralmente essa teoria. Embora não neguem que os hábitos e costumes afrodescendentes ainda sejam “malvistos” por parte considerável da

Conheça os benefícios da capoeira para crianças: vantagens da prática vão além do corpo

Brincar de aprender ou aprender brincando? A ordem dos fatores não altera o resultado. Sabemos que a capoeira (uma vertente da cultura corporal de movimento que se manifesta por meio da dança, da luta e da música sem assumir efetivamente nenhuma dessas características isoladamente, mas todas ao mesmo tempo), no contexto pedagógico, é um meio de facilitação no processo de aprendizagem das crianças. Em se tratando dos benefícios da capoeira, ela é um verdadeiro "achado" para papais e mamães de plantão — uma vez que contribui diretamente para o desenvolvimento infantil, estimulando, assim, as capacidades de percepção e memória nos pequenos. Psicologicamente falando, ela trabalha também a parte do emocional que não conseguimos externar. O aumento da coragem de aceitar desafios, o estímulo da capacidade intelectual, o desestímulo da timidez e a transmissão de valores morais, estão entre as vantagens que a prática oferece para os capoeiristas mirins. Outro ponto de destaq

Cultura e conscientização ambiental: instrumentos musicais feitos com materiais recicláveis

Qual a primeira coisa que vem à sua cabeça ao ouvir as palavras “desperdício”, “resíduos” e “sucatas”? Na perspectiva da reciclagem, todas elas são sinônimo de oportunidade. O grupo Tambores Pentecostais, que atua no bairro da Zona Sul de Manaus, é um exemplo de como a gestão sustentável de resíduos ganha outro sentido em mãos certas. Lá, eles transformam garrafas, barris e caixas de pizzas em repiques, chocalhos, surdos e até tambores. Em Brasília, o Grupo Cultural Batukenjé segue o mesmo princípio do Tambores Pentecostais: transformam lixo em música. O mestre Célin du Batuk, também idealizador do projeto social Kombo Arte Afro, faz um trabalho de conscientização ambiental com seus alunos. Os aprendizes, por sua vez, aprendem que bombonas plásticas e latões podem se tornar mini tambores em instantes. O resultado possibilita batidas de funk, maracatu, samba-reggae, soul e xote, que compõem o estilo musical do grupo, que é conduzido com orgulho, e muita paixão, por Céli

Projetos sociais promovem inclusão social e o desenvolvimento da cidadania

Uma das características comuns a todos assistidos em projetos sociais é a resiliência. O que significa isso, afinal? Segundo o dicionário, diz respeito à capacidade de enfrentar obstáculos sem se render, não importa o que aconteça, e de se recompor, se reconstruir e se reinventar, caso seja necessário. Os projetos sociais, sejam quais forem suas áreas de atuação, tornaram-se importantes iniciativas para a promoção da igualdade, da dignidade e, por que não dizer, da resiliência em diversos públicos. Há quem diga que a verdadeira essência desse trabalho consiste em ressignificar o lado humano de cada indivíduo, em ambas as partes envolvidas. Isso implica despir-se de qualquer espécie de preconceito , se permitindo conhecer e transformar realidades paralelas. O filósofo Mário Sérgio Cortella disse, em seu novo livro “Por que fazemos o que fazemos? ”, que o reconhecimento é a melhor forma de estimular alguém. Esta não deixa se der uma das principais premissas dos projetos socia

O batuque que vem da alma

A música não tem classe social, cor, sexo, idade ou credo  —  as pessoas simplesmente se conectam por meio da melodia. Os livros de história nos contam que ela era um instrumento indispensável na formação dos gregos, e as aulas começavam ainda na infância. Pode-se dizer que é, também, uma das mais antigas formas de expressão.  É impossível falar de música e não reconhecer os benefícios que provém dela. Já não restam dúvidas que seja a “língua” dos sentimentos e das sensações . A tese faz sentido.  Para muita gente, especialmente as que convivem em um contexto de desigualdade social e violência, soa como um exercício contínuo para canalizar energias e transforma-las em algo bom. Falo aqui de transmitir o que está impresso na alma, o que as palavras já não alcançam.  Foi assim  —  observando o trabalho desenvolvido por grupos voluntários de percussão nas periferias do Brasil, e a resposta da comunidade diante da iniciativa — que começamos a enxergar o papel social da músic